LIÇÕES DO INCONSCIENTE: REFLEXÕES PSICANALÍTICAS CONTEMPORÂNEAS: PSICOSE NA CONTEMPORANEIDADE: UM TRATADO ANALÍTICO PARTE 3
Vitor Rodrigues Correia
11/24/2024
O papel da família na contemporaneidade
As famílias, nos quadros psicóticos, tamponam e tentam proteger a integridade dos seus entes queridos com tais quadros. O que, aparentemente, tendem a supormos que esses acontecimentos aparecem com baixa frequência. Pelo contrário, são muito comuns. O que gera um desgaste tremendo no meio familiar. As famílias nos dias de hoje são mais acolhedoras e compreensivas em relação as famílias da idade média e moderna, por exemplo. Com vários movimentos, vários autores como o próprio Freud, Pinel e algumas reformas psiquiátricas pelo mundo todo fizeram com que as coisas mudassem de formato. Isso se deu através de leis para garantirem os direitos dos pacientes psicóticos e outros, evidentemente.
Noções pós-liminares
Até aqui considera-se a psicose como uma loucura. Fenômeno esse considerável no campo da psicanálise lacaniana, pouco ou nada trabalhado (e sim mencionado), nos trabalhos de S. Freud. A castração aqui ocorre de forma desconhecida, desconectada em relação ao período do complexo de édipo, desconsiderada. Enquanto na perversão, o paciente sabe que existe, mas denega, e na neurose, ele recalca. Nas psicoses, o paciente simplesmente não assimila direito, ele [1]foraclusa, rejeita.
Essas noções fazem-nos a trazer algo relativamente novo. Nós temos necessidades de fugir do que nos cerca; seja através da literatura e suas diversas facetas, seja através de um mecanismo mental e profundo como é o caso da psicose. Essa fuga se dá por alguns fatores disfuncionais da mente, nesse caso, do inconsciente, sinonimamente falando. Fugimos da realidade por que? O que causa essa perda ou fuga? Através das nossas pesquisas e análises que tangem esses fenômenos – principalmente no delírio – são, inconscientemente, alguns fatores constituintes da psique humana, tais como uma frequência de fatos que acontecem no nascimento e nos primeiros anos de vida até os sete anos de idade. E que fatos são esses? Tanto são relacionados à própria amnésia da criança, que é uma fuga, quanto por fatores relacionados ao desprazer pela vida, ao sofrimento e angústia que é produto de um desgosto de acompanhar tudo que nos cerca, nesse caso é uma economia de uma não captura da realidade, uma negação, um deslocamento objetal da realidade e da fantasia.
O mundo, a realidade, o externo, aquilo que vemos e percebemos do lado de fora são produtos de uma mente singular. Só existem porque existimos e percebemos. Esse é um papo muito antigo da filosofia. E a psicanálise pode usufruir desses estudos. Platão aqui fica longe das nossas análises. Pelo aparato discursivo e teórico-temático dos pré-socráticos, esses também ficam de fora. I. Kant pode ser um roteiro nesse debate, mas como o espaço é curto, aqui não cabe aprofundar nisso. Mas, a princípio, ele fala de uma consciência, de uma razão que comandaria todo o processo de domínio do desejo e da vontade, sendo esta uma racionalização daquele. É assim que percebemos o mundo. Aristóteles traz os cinco sentidos que já foram pontuados anteriormente. Para ele, não existiria um mundo das ideias, mas um mundo sensorial, um mundo sensível e perceptível, físico, que seria notado através dos órgãos de aprendizados humanos. Mas isso na infância ainda não está (e vamos discorrer agora nisso) desenvolvido totalmente em nós, o que desembocaria num princípio de caracterização e influência na vida adulta, adolescente-jovem etc. daquilo que chamaríamos psicoses. Essa não consciência infantil, as pulsões do id inconscientes, esse desembaraço nas trocas com o mundo, com a realidade, e essa desconfiguração microssensorial que atravessa nossa infância e nossa imaturidade cognitiva são a causa de uma psicose internalizada. Com combinações de elementos biológicos influentes e embates com o ambiente e o meio social, entrando em confronto e briga nas causas da doença.
Uma mescla, então, da cognição e dos sentidos são o que ficam em profundos desecordos e desajustes nesses casos. Esses casos, marcados por uma perda de realidade, são significativos em méritos de entendimentos no escopo característico de um aspecto mais profundo em se tratando de termos proporcionais do entendimento humano e psíquico. Ou seja, significa profundidade ao analisarmos esses fatores complexos da mente. Muito lidados ao escopo teórico, mesmo que quem tenha passado por isso em algum momento (quem passou) não conseguem explicar tais fenômenos de forma certeira ainda, aliás, muitas coisas no campo psicanalítico precisam ser verificadas caso a caso.
[2]A psicose, para Lacan, teria origem na primeira infância, num retorno da realidade e seus impasses, ao eu. Na fase depois do desencadeamento do surto psicótico por exemplo, o eu do narcisismo, pontuado anteriormente aparece como característica da personalidade peculiar do comportamento subjetivo também como forma de aliviar um medo do retorno do episódio. Seria uma exclusão embrionária, um desgarramento por conseguinte. Como lidamos com a realidade? O que é a realidade? O que é fantasia? Quais os elementos etiológicos da psicose? Foi por um sofrimento real que saímos da realidade e entramos em uma fuga?
Conclusão
Portanto, para finalizarmos as não concluídas discussões sobre esse debate e conversa, faz-se necessário admitirmos uma série de influências etiológicas acerca desse conjunto de proposições. Bem como, colocarmos a necessidade de trabalharmos com um conjunto de áreas do saber e com a família em colaboração e não como rivais, nem julgamentos, sabendo que as bases orgânicas também envolvem esse caráter ou forma de lidar com a vida e com sua psique. Propomos ou objetivamos refletir sobre a psicose na contemporaneidade e acréscimos da prática clínica no campo científico e subjetivo humano, trouxemos mais aparatos da prática clínica do que autores para fundamentarmos esse capítulo, apesar de termos trazido várias fontes referenciais. Saindo do ridículo, cansativo e ilógico debate acerca da psicanálise e sua subjetividade, e sua relação com a ciência.
Análise
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